Uma porta de entrada para o coração da comunidade

*Artigo disponível em PT e em EN

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“Quando se muda para um novo lugar, o voluntariado é uma das melhores formas de integração na comunidade.”

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(PT)

Mudar para uma nova cidade pode ser tanto empolgante quanto solitário. Quando cheguei a Lisboa, há uma década, para fazer um doutoramento em Psicologia, a cidade era bem diferente do que é hoje. Havia poucas comunidades ou eventos de networking onde expatriados e locais pudessem se conectar, o que tornava a integração social desafiadora, com poucas oportunidades de conhecer pessoas fora do ambiente acadêmico. Como estudante internacional, eu ansiava sentir-me parte de algo — encontrar amigos, construir relacionamentos significativos e realmente pertencer. Então, deparei-me com uma questão importante: como eu poderia me conectar com os outros e não me sentir sozinha?

Tudo mudou quando descobri a Bolsa do Voluntariado, uma plataforma que oferece diversas oportunidades de voluntariado. Não se tratava apenas de retribuir — era uma porta de entrada para o coração da comunidade. A plataforma permitiu-me escolher onde ajudar, desde trabalhar com animais até apoiar crianças ou idosos, além de escolher o bairro onde gostaria de me voluntariar. Decidi começar perto de casa, ajudando idosos do Serve The City na biblioteca de Campo de Ourique, e foi uma experiência incrivelmente gratificante. Lá, conheci voluntários locais entusiasmados e criei conexões significativas com os idosos, fazendo-me sentir acolhida e valorizada.

Mais tarde, também me voluntariei na Refood, uma organização sem fins lucrativos dedicada a reduzir o desperdício de alimentos e combater a fome, distribuindo alimentos excedentes de restaurantes e supermercados para pessoas em situação de vulnerabilidade. Semana após semana, trabalhei ao lado da mesma equipe dedicada — solidária, calorosa e comprometida em fazer a diferença. Era mais do que uma atividade; isso deu-me um forte sentimento de pertença. Como expatriada, senti que fazia parte de algo maior, percebendo que minha ajuda era genuinamente necessária. A recompensa emocional — saber que estava a fazer uma diferença real — foi inestimável.

O voluntariado é, em sua essência, sobre conexão humana. Pesquisas científicas mostram que reduz a ansiedade, aumenta a felicidade e fortalece o nosso senso de pertencimento. Um estudo de Harvard (Borgonovi, 2008) descobriu que o voluntariado aumenta a satisfação com a vida ao promover vínculos sociais. Da mesma forma, um estudo publicado no Journal of Happiness Studies (Jenkinson et al., 2013) descobriu que voluntários regulares relatam maiores níveis de bem-estar e satisfação com a vida, além de menores taxas de depressão e isolamento social.

Quando se muda para um novo lugar, o voluntariado é uma das melhores formas de integração na comunidade. Não há incentivos financeiros — apenas entusiasmo genuíno, bondade e um propósito compartilhado. Sempre incentivo os recém-chegados a se voluntariarem. É uma oportunidade de conhecer os locais, fazer amizades, imergir na cultura local e ter interações profundas. A Bolsa do Voluntariado continua a ser uma ferramenta fantástica, disponível em vários idiomas, que ajuda as pessoas a encontrar maneiras significativas de contribuir nos seus próprios bairros. Seja apoiando idosos, ajudando crianças ou trabalhando na distribuição de alimentos, o voluntariado promove a integração social, melhora o bem-estar mental e proporciona um profundo sentido de propósito.

Lisboa transformou-se numa cidade vibrante e interconectada, mas o valor do voluntariado permanece inalterado. Transforma não apenas aqueles que ajudamos, mas também a nós mesmos.

Irina Konova

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A gateway into the heart of the community

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“When moving to a new place, volunteering is one of the best ways to integrate into the community.”

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(EN)

Moving to a new city can be both exciting and isolating. When I arrived in Lisbon a decade ago to pursue a PhD in Psychology, the city was quite different from what it is today. There were few communities or networking events where expats and locals could connect, making social integration challenging, with limited opportunities to meet people outside of academia. As an international student, I longed to feel part of something—to find friends, build meaningful relationships, and truly belong. So, I was faced with an important question: How could I connect with others and not feel lonely? 

Everything changed when I discovered Bolsa do Voluntariado, a platform offering diverse volunteering opportunities. It wasn’t just about giving back—it was a gateway into the heart of the community. The platform allowed me to choose where to help, from working with animals to supporting children or the elderly, as well as selecting the neighborhood in which to volunteer. I decided to start nearby, assisting senior citizens at the library of Campo do Ourique at Serve The City, and it turned out to be an incredibly rewarding experience. There, I met enthusiastic local volunteers and built meaningful connections with the elderly, making me feel both welcomed and valued. 

Later, I also volunteered at Refood, a nonprofit organization dedicated to reducing food waste and fighting hunger by redistributing surplus food from restaurants and supermarkets to those in need. Week after week, I worked alongside the same dedicated team—supportive, warm, and committed to making a difference. It was more than just an activity; it gave me a profound sense of belonging. As an expat, I felt part of something greater, realizing that my help was genuinely needed. The emotional reward—knowing I was making a real difference—was invaluable. 

Volunteering is, at its core, about human connection. Research shows that it reduces anxiety, increases happiness, and strengthens our sense of belonging. A Harvard study (Borgonovi, 2008) found that volunteering enhances life satisfaction by fostering social bonds. Similarly, a study published in the Journal of Happiness Studies (Jenkinson et al., 2013) found that regular volunteers report higher levels of well-being and life satisfaction, as well as lower rates of depression and social isolation. 

When moving to a new place, volunteering is one of the best ways to integrate into the community. There are no financial incentives—just pure enthusiasm, kindness, and a shared purpose, making it a life-changing experience. I always encourage newcomers to volunteer. It’s an opportunity to meet locals, form friendships, and immerse yourself in a culture beyond surface interactions. Bolsa do Voluntariado remains a fantastic tool, available in multiple languages, helping people find meaningful ways to contribute within their own neighborhoods. Whether supporting the elderly, helping children, or working with food distribution, volunteering fosters social integration, improves mental well-being, and provides a deep sense of purpose. 

Lisbon has grown into a vibrant, interconnected city, but the value of volunteering remains unchanged. It transforms not only those we help but also ourselves.

Irina Konova